O Desafio da Gestão de Equipes Multidisciplinares em Projetos Internacionais e Distribuídas

O Desafio da Gestão de Equipes Multidisciplinares em Projetos Internacionais e Distribuídas

Ao identificar o termo “Internacionais” alguém pode permitir-se acreditar que saber inglês é o principal desafio para a gestão bem sucedida de projetos. De fato o conhecimento de um idioma comum, muitas vezes o inglês, é um requisito básico para atuar em tais projetos, mas não o principal desafio.

Considere “gestão” como uma determinada forma de organização, e tenha em mente que cada indivíduo possui a sua forma de gerenciar recursos (tais como tempo e dinheiro). A maneira que um exerce a sua gestão pode parecer caótica para outro, o que não quer dizer necessariamente que uma seja ineficaz (onde o objetivo não é alcançado), ou menos eficiente (a quantidade de recursos aplicados para atingimento deste objetivo) em relação à outra, ou vice-versa. Enquanto mantidas a eficácia e a eficiência, o estilo não importa.

Um projeto consiste no emprego temporário de esforços para produção de um resultado exclusivo (PMI)*. Ainda que atingir o resultado seja possível individualmente, é natural que projetos de maior escala possuam múltiplas equipes de trabalho, devido à escassez de tempo para o fator ineditismo ou outros. A qualidade do resultado está diretamente relacionada à sua capacidade de atender aos requisitos de seus consumidores. A multidisciplinaridade da equipe pode colaborar para a qualidade deste resultado, uma vez que cada membro poderá contribuir com sua expertise e perspectiva distinta.

Dado o exposto, para um bom resultado, é indispensável que a equipe coopere. Parece lógico, mas nem sempre é o que ocorre. Ao reunir níveis de formação, disciplinas e estilos de organização diferentes, atritos e discordâncias são uma recorrência muito comum. Ao assumir uma proporção internacional, tal como o projeto OCARIoT, adicione culturas, legislações e fusos-horários diferentes nesta equação. Seu trabalho se torna mediação e resolução de conflitos. Conduzir as negociações a acordos e concessões das partes, definição de ferramentas, procedimentos e estruturas organizacionais, políticas, direitos etc.

Ao exercer sua tarefa de mediador, seu principal desafio será estabelecer uma comunicação eficiente entre as partes. A comunicação não é o que se diz, mas o que se entende. Então, se o que precisa ser entendido não o é, a comunicação foi falha e todo o esforço prévio não surtirá efeito. Onde não há diálogo não há negócio, e consequentemente acordos ou progresso. As equipes trabalharão isoladamente, possivelmente gerando retrabalho e inconformidades, todos substantivos que traduzem-se em prejuízo para os envolvidos.

Aprimore suas as técnicas de solução de conflitos. Conduza as reuniões para conciliação das opiniões, lembre-se que todos possuem uma opinião válida e portanto merecem voz, isso promove o engajamento e sentido de propriedade da ideia nos membros. Reitere o objetivo maior, os benefícios que o projeto trará para as partes interessadas ambas dentro e fora do projeto. Selecione meios objetivos, imparciais e verificáveis para o tratamento de opiniões subjetivas. No exemplo em questão, as diferentes visões da solução foram criticadas e validadas por workshops com os usuários finais, externos à equipe.

Em verdade, se comparadas as principais dificuldades de um projeto nacional e um internacional, perceberá que são bem semelhantes. Pois ainda que falando a mesma língua, muitas dessas dificuldades não são superadas. Sim, o idioma é importante, mas perante os desafios na gestão de projeto torna-se o menor deles. Invista mais na comunicação, flexibilidade à mudanças e conciliações para execução das tarefas. Leve um tradutor na mala, se possível, mas faça bonito na negociação.

Obs.: * O Project Management Institute (PMI) é uma instituição internacional sem fins lucrativos que associa profissionais de gestão de projetos. No início de 2011 já era considerada a maior associação do gênero no mundo, uma vez que conta com mais de 650.000 associados – em mais de 185 países.

Matéria escrita por:
José Fernando Rodrigues Ferreira Neto

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