Manejo do excesso de peso em crianças e adolescentes
Manejo do excesso de peso em crianças e adolescentes – prevenir sem causar dano.
A prevenção e o tratamento do excesso de peso infanto-juvenil ainda é um importante desafio aos profissionais e sistema de saúde. Não existe ainda um tratamento padrão para obesidade. No entanto, são reportados muitos estudos utilizando diferentes estratégias, que vão desde intervenções com orientação dietética e prática de exercícios físicos, até aquelas que incluem técnicas cognitivas comportamentais, entrevista motivacional, mindfulness, entre outras. Alguns programas são reportados na literatura relativos à prevenção dessa condição, especialmente em escolas. No entanto, poucos têm produzido resultados significativos. Uma revisão sistemática, publicada em 2006, identificou 64 programas de prevenção de obesidade para crianças e adolescentes, mas somente 21% apontaram efetividade.
Nesse contexto, em que se busca por estratégias efetivas para o manejo de excesso de peso em crianças e adolescentes, é preciso refletir que tais abordagens não podem gerar nenhum tipo de estigma, estresse ou qualquer tipo de desconforto psicológico ao público. Efeitos iatrogênicos podem ser vistas em abordagens que fomentam: dietas restritivas; dicotomização de alimentos em “bons” e “ruins”; denominação de alguns alimentos como proibidos, gerando culpa ao comer; foco no peso corporal; criação de regras e controle externos excessivos; e reforço ao estigma da obesidade e o estereótipo de magreza. Alguns estudos mostram que programas de prevenção têm aumentado as preocupações com a imagem corporal e peso e estimulado a prática de dietas, desenvolvendo insatisfação com a IC e medo da comida.
Abordagens inadequadas podem não só piorar o quadro de excesso de peso desse público, mas gerar outros tipos de problemas, como comer transtornado ou até transtornos alimentares. Esses transtornos possuem núcleo psicopatológico comum, envolvendo relação ruim com a comida (restrições, compulsões, culpa ao comer, uso de métodos para emagrecer como laxantes, medicação, etc.) e insatisfação ou distorção de imagem corporal. Assim, preconiza-se maior ênfase em objetivos comportamentais em vez de focar em peso corporal. Segundo preconiza a própria Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica (ABESO), em 2016, não se deve fazer menção de metas de peso para o paciente, especialmente nos adolescentes.
A preocupação com a maneira pela qual se aborda a obesidade em crianças e adolescentes é relevante tendo em vista o conceito de saúde da Organização Mundial de Saúde, que engloba o bem-estar não só físico, mas psicossocial. Além disso, destaca-se o paradoxo alimentar em que vivemos com oferta abundante de comida e estímulo ao consumo e com ideais de magreza inalcançáveis.
Assim, o projeto OCARIoT configura-se como uma proposta no manejo da obesidade que tem construído seus objetivos, metas e missões, voltadas as crianças e adolescentes, considerando a saúde nos seus aspectos biopsicossociais. As metas serão individualizadas e acompanhadas. Além disso, possui a colaboração de equipe multiprofissional composta por nutricionistas, psicólogos, pedagogos, etc.
Matéria escrita por:
Cláudia Machado Coelho Souza de Vasconcelos
– Nutricionista (UECE)
– Mestre em Saúde Pública (UECE)
– Doutora em Saúde Coletiva – Associação Ampla (UECE/UFC/UNIFOR)
– Pós-graduada em Comportamento Alimentar (IPGS)
– Professora Adjunta do Curso de Nutrição (UNIFOR)
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